2013: Time de homossexuais do interior de Roraima ganha espaço no vôlei

Os jogadores do Viva Vôlei jogam juntos desde a categoria de base

Conquistar o espaço e o respeito da sociedade, quebrar o preconceito e
jogar vôlei. Esses são os objetivos dos jogadores do time Viva Vôlei, do
município de Caracaraí, sul de Roraima, que é composto, em sua maioria, por
homossexuais. Dos 11 atletas, oito têm “segmento sexual diferente”,
conforme disse o oposto Danilo Souza.
Há três anos, todos esses jogadores eram integrantes da equipe do
Centenário. Por causa do preconceito de alguns colegas de time, os atletas
decidiram fundar o Viva Vôlei, que participa de torneios oficias da
Federação desde o ano passado.
– Por sermos homossexuais, ouvíamos sempre as piadinhas todas as vezes que
perdíamos um jogo ou uma competição. Mas sempre jogamos de igual para igual
contra os heterossexuais – afirmou Danilo.
Com apenas dois anos de criação, o Viva Vôlei é destaque nos torneios em
que participa e é uma atração em Caracaraí. Com o passar do tempo, o time
conquistou o respeito dos moradores.
– Somos conhecidos na nossa cidade. Aos poucos conquistamos o nosso espaço
e o respeito da sociedade. A torcida comparece em peso aos nossos jogos. Os
próprios organizadores dos eventos dizem que levamos mais torcida aos
ginásios. Hoje, a aceitação é bem maior- frisou o jogador.

Danilo Souza, do Viva Vôlei, joga como oposto

Família é o alicerce
O início foi difícil. A integração com a família foi a saída para
enfrentar as dificuldades do dia a dia.
– Temos o apoio incondicional dos nossos familiares, que estão sempre
conosco. Essa relação foi a base de tudo. Eu aceito a forma de pensar de
uma pessoa preconceituosa, mas quero que ela também aceite a minha forma de
pensar e agir- falou Danilo, que é acadêmico de Direito.
Experientes na modalidade
Quem acha que a equipe do Viva Vôlei participa das competições por
brincadeira está muito enganado. Os atletas jogam juntos desde o mirim e
não fazem feio dentro de quadra. Ano passado, na Copa Macuxi, o time
terminou a competição em terceiro lugar. No torneio 9 de Julho, que está em
andamento, o grupo já está na semifinal.
– Treinamos juntos desde as categorias de base. Esse entrosamento vem de
muito tempo. Temos nossos momentos de descontração, mas na hora de treinar
é sério. Jogamos por amor ao vôlei.
Torcedor está sempre presente
Na quarta-feira à noite, o Viva Vôlei entrou mais uma vez em quadra. Desta
vez para enfrentar o Real Brasil pela última rodada do torneio 9 de Julho.
O vencedor garantiu o primeiro lugar do grupo.
A ex-moradora de Caracaraí, Marene Oliveira, é torcedora de carteirinha do
Viva Vôlei. Para ela, a orientação sexual dos jogadores não interfere no
desempenho do time em quadra.
– Eles têm potencial e jogam com muita garra e força de vontade. Eles
contagiam os torcedores com essa energia. Os adversários sentem essa
pressão e passam a respeitá-los.

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