por Reinaldo Polito
Éééééééééé do Brasiiiiil! Quem ouve hoje as transmissões vibrantes do
Galvão Bueno pela TV Globo, com imagens captadas por câmeras
posicionadas em todos os cantos do estádio, para pegar os detalhes do
lance, nem sempre tem noção de como os espetáculos esportivos eram
narrados no passado e as transformações que eles sofreram ao longo do
tempo. As modificações ocorridas nas narrações esportivas são excelentes
exemplos de como a comunicação eficiente deve considerar a conjugação
de inúmeros fatores, como a formação, a experiência, os anseios de quem
fala; a história e a estrutura de vida de quem ouve; além do tipo de
mensagem e do contexto onde todos esses aspectos estão envolvidos. Se
hoje a comunicação é rápida, vibrante, envolvente é porque vivemos um
momento em que prevalece essa mesma velocidade e essa mesma agitação.
Significa que não podemos falar hoje da mesma maneira como as pessoas se
expressavam no passado. A sociedade mudou, a vida mudou, a comunicação
também se transformou para poder se adaptar a essa nova realidade. Os
narradores esportivos sempre puseram muita emoção em suas transmissões,
para dar mais vida e um colorido especial ao espetáculo, mas essa
interpretação, por mais emocionante que tenha sido no passado, não é
idêntica à que observamos agora. Essa maneira de falar dos locutores
esportivos é, em essência, uma amostra significativa da vida das
pessoas, representadas pelos torcedores, e da sociedade em que elas
estão inseridas no contexto.
Para falar do meu encontro com as transmissões esportivas, preciso antes
fazer um rápido retrospecto da televisão em minha vida, para depois
juntá-la ao papel do rádio. Na década de 60, em Araraquara, no Estado de
São Paulo, onde eu morava, só era possível sintonizar a extinta TV
Tupi. Eram poucas as famílias privilegiadas que tinham um aparelho de
televisão em casa. Assim, era comum receberem a visita de parentes,
amigos e vizinhos para assistirem aos programas transmitidos em
preto-e-branco. Lembro-me muito bem da interminável novela O Direito de
Nascer, que tinha como artistas principais Guy Loup, que interpretava
Isabel Cristina e Hamilton Fernandes, no papel de Albertinho Limonta.
Era uma febre, pois pouco antes do início da novela as pessoas chegavam
carregando sua própria cadeira até a casa de quem tinha TV. Era um
momento de lazer aguardado ansiosamente o dia todo. E como curiosidade
pessoal, mais de 20 anos depois de terminada a novela, para minha
surpresa e emoção, a recebi como aluna no Curso de Expressão Verbal
aquela que havia sido meu ídolo na infância, Guy Loup.
Cada época, uma maneira de falar
Nesse período, o que mais me encantava, entretanto, eram as
transmissões esportivas do Walter Abraão com as reportagens de campo do
Ely Coimbra. Reuníamo-nos na casa do Luiz Alberto Cabau (que era um dos
que tinha TV), eu, o Marco Antonio Campos Rodrigues, que hoje, entre
outras funções importantes na TV Globo, é um dos debatedores no programa
comandado pelo Cleber Machado, Arena Sportv, e o próprio Luiz, para
assistirmos as transmissões dos jogos de futebol. Nós, que gostávamos
tanto desse esporte, aprendemos, ainda meninos, que havia um jogo no
campo e outro diferente na televisão. A falta da emoção provocada pela
ausência da torcida era compensada pela entonação da voz do narrador.
Até hoje estão vivas em minha mente algumas expressões que se
transformaram em marcas registradas nas transmissões do Walter Abraão –
“Ele”, para se referir ao Pelé quando o craque pegava na bola, como se
fosse uma divindade; e “OXO”, para dizer que o jogo continuava zero a
zero, provavelmente uma associação com a palavra “chocho”, para lembrar
que sem gols o jogo não tinha muita graça. As intervenções do Ely
Coimbra eram mais uma aula. Ele repetia toda a seqüência da jogada
adicionando alguns detalhes que não haviam sido narrados pelo Walter
Abraão, e falava com tanta emoção que dava a impressão de a cena estar
ocorrendo novamente. Eu nunca os havia visto, tanto que só muito tempo
depois é que descobri que o Walter Abraão usava óculos de aros pretos e
era calvo, mas os considerava como velhos amigos, sendo mesmo capaz de
adivinhar o comentário que eles fariam depois de uma jogada. Terminado o
jogo ficávamos os três até altas horas da noite, ainda envolvidos pela
emoção do jogo, discutindo os lances mais importantes da partida. Só
mais uma curiosidade pessoal, também mais de 20 anos depois, por
interferência do saudoso amigo Blota Júnior, recebi como aluno o filho
do Ely Coimbra, também chamado Ely, e pude assim conviver por algum
tempo com aquele outro velho ídolo, que, por causa do filho, freqüentou a
nossa escola e participou fazendo discurso na solenidade de formatura.
Ainda nessa mesma época, um pouco mais tarde, precisei de algum tempo
para me acostumar com outro estilo de transmissão feito pelo Luiz
Noriega, que narrava os jogos pela TV Cultura. Noriega era mais pausado,
fazia poucos comentários adicionais, mas, além de ter uma voz muito
bonita, apresentava uma qualidade excepcional, falava da jogada no
momento em que o lance acontecia.
Seria impossível tentar lembrar do número de jogos que assisti com esses
narradores, que, sem saberem, tiveram muita influência na minha vida de
comunicador e de professor de expressão verbal.
Embora a sociedade brasileira e mundial seja marcada pelas
transformações ocorridas nos anos 60, considerando aí as revoluções
políticas e de costumes, já incluídos os movimentos de liberação sexual,
da mulher e do homem, a verdade é que apesar de tudo a vida era mais
calma. E essa tranqüilidade se refletia nas transmissões esportivas.
Essa calma era reproduzida com maior evidência ainda nas transmissões
feitas pelo cinema, no documentário Canal 100. Quase todas as jogadas
eram vistas no detalhe em câmera lenta e em filme colorido, um exagero
para quem nem possuía TV preto-e-branco. Pena, para nós paulistas, que
só passavam jogos cariocas. E quando incluíam um paulista era porque o
time havia levado uma boa sova de um carioca.
Comunique-se como os locutores esportivos
Se os cariocas tinham o privilégio de ouvir pelo rádio as
transmissões geniais do flamenguista Ary Barroso, os gaúchos possuíam
mestres como Pedro Pereira e Ruy Ostermann (que me entrevistou
longamente em uma das vezes em que fui ministrar palestras no Rio Grande
do Sul), nós em São Paulo contávamos com as narrações incomparáveis do
Pedro Luís e do Fiori Gigliotti.
Se Pedro Luís era animado, vibrante e fazia qualquer jogo se transformar
num espetáculo emocionante, as transmissões de Fiori Gigliotti sempre
puderam ser comparadas a uma música bem tocada. Seu jeito simples de
falar, lembrando um interiorano simpático, descrevendo as jogadas nem
sempre exatamente como elas ocorriam, mas da maneira como o torcedor
gostaria de ouvir, fazia com que as pessoas se sentissem dentro do
estádio, acompanhando lance por lance cada momento da partida. O início
já era uma emoção toda particular: “Abrem-se as cortinas e começa o
espetáculo, torcida brasileira”. O encerramento do jogo mais emocionante
ainda, pois o torcedor da equipe que estava vencendo ansiava por aquele
momento, enquanto o do time perdedor rezava para que o jogo
continuasse, mas, como ele mesmo dizia “agora não adianta chorar” e
encerrava “apita o árbitro, fecham-se as cortinas e termina o jogo,
torcida brasileira”. Você que conhece bem o Fiori deve estar estranhando
o fato de eu me referir ao passado, sendo que ele está firme, vibrante e
muito competente narrando os jogos de futebol e comandando a equipe de
esportes da Rádio Record. Fiz referência a esse extraordinário narrador
esportivo no passado porque ele é a prova viva de como as transmissões
esportivas se transformaram ao longo tempo e demonstram as adaptações
que precisam ser feitas na maneira de comunicar de acordo com a época e o
contexto em que vivemos. Se compararmos as transmissões do Fiori
Gigliotti hoje com as narrações que ele fazia no passado, vamos
constatar que houve uma adaptação ao tipo de expectativa que os ouvintes
possuem nos dias atuais. Algumas expressões que já o tornaram imortal
continuam as mesmas, como “balão subindo, balão descendo, cabeça na bola
aliviando”, “o teeeempo paaaassa, meia hora de jogo, torcida
brasileira”, “final dramááático”, “lá vai Dudu, o mooooço de
Araraquara”, enquanto outras estão mais de acordo com a emoção agitada
que nos envolve, como “é fogo, é fogo, é fogo, é gooooollll”. Posso
dizer por mim, a mesma emoção que eu sentia há 40 anos ouvindo suas
transmissões pela Rádio Bandeirantes, sinto agora ao ouvi-lo pela Rádio
Record. Não havia prazer maior para mim, um garoto de poucos anos, que
ligar o rádio no silêncio da noite e ouvir no meu quarto um jogo narrado
pelo Fiori Gigliotti. Até minha mulher que não se envolve com futebol
gosta de ouvi-lo, porque, segundo ela, essa foi uma música que seu pai
sempre ouviu em sua casa.
Nós de Araraquara, assim como os moradores de Marília, também no
interior de São Paulo, em matéria de locutores esportivos fomos beijados
pela sorte. Só para citar dois da Morada do Sol, tivemos Enio Rodrigues
e José Carlos Cicarelli, que fizeram história nas transmissões
esportivas em grandes emissoras de rádio da capital paulista; e de
Marília saíram nada mais nada menos que Osmar Santos, Oscar Ulisses,
Oswaldo Maciel e Odnei Edson. Por isso mesmo, foi possível acompanhar as
mudanças na comunicação desses narradores que despontaram em
Araraquara. O Enio Rodrigues, por exemplo, chegou à Rádio Bandeirantes
de São Paulo irradiando (como dizíamos em nossa cidade) da mesma maneira
simples e competente como sempre fizera. Salvo deturpações folclóricas,
dizem que logo nas primeiras transmissões pediram que evitasse a
expressão “minha nossa senhora”, tão comum nas suas apresentações, que
havia se tornado uma espécie de marca registrada na sua locução, mas que
para os padrões das grandes metrópoles não era apropriada.
Você irá observar que em todas histórias, como essas que acabei de
contar e as que vou relatar daqui para frente, o aspecto mais relevante
na comunicação dos locutores esportivos é a emoção. Esses profissionais
sabem como ninguém interpretar a emoção de um torcedor como se ele
próprio a vivesse. E o faz com tanto envolvimento que, às vezes,
consegue interpretar a emoção que ele mesmo está sentindo. Como diz
Fernando Pessoa na sua incomparável Autopsicografia:
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Os bons locutores esportivos
Osmar Santos soube espiar a alma do torcedor e fez uma revolução nas transmissões esportivas.
No início da década de 70, vindo da Rádio Dirceu de Marília para a Jovem
Pan de São Paulo, Osmar Santos iria revolucionar as transmissões
esportivas no rádio brasileiro. Inteligente, intuitivo, perspicaz,
percebeu que a sociedade passava por um grande momento de transformação e
que a comunicação mais solta, leve e irreverente poderia tocar o
sentimento das pessoas de forma mais eficiente. Foi um sucesso desde os
primeiros instantes. Elaborando frases diferentes e criativas, construía
metáforas que cativavam os torcedores. Era como se fosse um amigo
espirituoso indo ao estádio de futebol para comentar as jogadas. Muitos
se lembram destas verdadeiras pérolas revolucionárias: “As bandeiras
estão tremulando, tremulando”, “ali no meio do campo, no caroço do
abacate”, “acerte o Brasil em sua vida”, “animal”, “Iiiii quiii goool”, e
a mais famosa de todas “ripa na chulipa e pimba na gorduchinha”. Com
essas expressões o jogo ficava mais interessante e qualquer partida se
transformava num espetáculo eletrizante. Em 1977 transferiu-se da Rádio
Jovem Pan para a Rádio Globo e me lembro perfeitamente de sua estréia.
Depois de tantos anos trabalhando na Jovem Pan, como era de se esperar
ele estava muito nervoso com a primeira transmissão na nova emissora.
Durante a narração entrou em cena o reflexo condicionado e em vez dizer
Rádio Globo, disse “esta é a jovem rádio jovem pan”. Ficou desconcertado
e por alguns instantes passou o microfone para o comentarista dizendo
que havia se perdido um pouco. Em seguida, passado o susto, voltou a
narrar com a mesma competência de sempre. Quantos de nós repetimos
muitas vezes a mesma informação e nos condicionamos a ela, tanto que em
dado momento, sem que possamos censurá-la lá está a frase intrusa
atrapalhando nossa comunicação. Sempre que fatos semelhantes ocorrerem
devemos agir como fez Osmar Santos, sacudir a poeira e virar o jogo a
nosso favor. Quando esteve paraninfando uma das turmas de formandos do
nosso curso, deu um depoimento que fiz questão de pôr no meu livro Como
Falar Corretamente e sem Inibições (Editora Saraiva), ele disse que
sempre ficava nervoso antes de falar e achava isso tão importante que
havia prometido a si mesmo abandonar a profissão de locutor esportivo
quando não sentisse mais essa sensação antes de narrar um espetáculo.
Uma grande ironia marcou sua vida. No dia 22 de dezembro de 1984 um
grave acidente automobilístico comprometeu sua fala e o retirou para
sempre dos microfones. Determinado, guerreiro, não se entregou e deu
mais um exemplo a todos que acompanharam seu sofrimento. Como não podia
mais falar, passou a se expressar pela pintura, produzindo obras de
excelente qualidade.
Torcedores esperam emoção
Os tempos mudaram muito. Embora a paixão pelo futebol continue a mesma, e a maioria dos narradores esportivos também, a maneira de transmitir os jogos sofreu alterações, sem que, talvez, os próprios profissionais de rádio e televisão tenham notado de forma consciente. Estão por aí fazendo sucesso nas mais diversas emissoras comentaristas e narradores que pelejam nesta atividade há muitos anos. É o caso dessa memória enciclopédica esportiva chamado Orlando Duarte, que não perde uma copa do mundo e tem sempre pronto, para qualquer circunstância, um comentário sereno, equilibrado, ponderado e correto. O emocional Roberto Avalone, que acompanho desde a época em que escrevia com todos os pontos de interrogação, vírgulas e exclamações irretocáveis no Jornal da Tarde. O divertido Dirceu Maravilha, que transforma suas transmissões num espetáculo mesclado de brincadeiras, músicas, exclamações e faz o jogo que se ouve muito diferente daquele que realmente está acontecendo, mais ao gosto do torcedor. O grande astro das transmissões da Bandeirantes José Silvério, provavelmente a maior audiência das narrações esportivas, que tem a habilidade de aumentar e diminuir a velocidade da fala, de acordo com a jogada, num único fôlego, levando o torcedor a acompanhar o lance como se estivesse dentro do campo, ao lado do jogador. José Silvério é um fenômeno das transmissões esportivas que nenhuma teoria de comunicação conseguirá explicar. Dá a impressão de que ele fica “tomado” durante a transmissão do jogo, como se o mundo não existisse fora do espetáculo que tão brilhantemente interpreta. Mesmo depois de terminado o jogo o torcedor continua ouvindo o eco de um belo gol narrado por ele, “Iiii quiii golaço”. E para encerrar as minhas observações, com todas as falhas e injustiças que estou cometendo, por deixar tantos excelentes profissionais sem citar, mais dois apresentadores esportivos que não narram os jogos, mas que se projetaram fazendo comentários, Juca Kfouri e Milton Neves. Juca Kfouri já circulou por praticamente todos os meios de comunicação, jornais, revistas, rádios, TVs e internet e desenvolveu um estilo que atinge os torcedores mais bem preparados, pois usa de uma ironia fina que nem todos conseguem perceber. Por isso, é respeitado e temido, pois o público que o acompanha é composto de formadores de opinião e que atuam como multiplicadores das suas mensagens. Milton Neves é o fato mais marcante da história esportiva do rádio e da televisão de todos os tempos. Sem ir ao campo de futebol, apenas baseado nas informações que ouve e pelas imagens que assiste pela televisão, dono de uma memória invejável, com seu jeito simples de alguém que veio de uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, conquistou a simpatia e a admiração da maioria dos torcedores. Contundente nas suas opiniões, de personalidade forte, é ao mesmo tempo um excelente contador de “causos” que prendem a atenção dos ouvintes e telespectadores. Todos os programas que dirige atingem audiência elevada. Ao analisar tecnicamente sua comunicação é possível identificar alguns aspectos isolados, mas não a causa, a origem do seu carisma. Possui boa voz, pronuncia bem as palavras, sem afetação, mantém um sotaque interiorano carregado, às vezes até proposital, encontra as palavras com facilidade e embora não cometa erros gramaticais condenáveis, fala a linguagem simples que as pessoas mais humildes entendem e as mais bem preparadas intelectualmente admiram. Na televisão apresenta-se com postura elegante, gesticulação harmoniosa e coerente. Sua fisionomia que no princípio era um pouco carregada, com o tempo ficou mais arejada, com ajuda de óculos mais leves e claros e sorrisos que passaram a ser mais espontâneos.
Sair da mesmice também dá certo
para os locutores esportivos
Qualquer análise técnica tiraria da relação este narrador fora de série, Silvio Luis. Debochado, gozador, irreverente, imprevisível e com uma qualidade incomparável, narra os jogos pela televisão como se fosse um torcedor à beira do alambrado. Xinga os jogadores que erram passes, vibra com ataques bem-feitos, critica o juiz e os bandeirinhas. Enfim, faz tudo o que o torcedor gostaria de fazer se estivesse perto do campo e pudesse ser ouvido pelos jogadores. Sua coragem de romper com os padrões impostos pelos meios de comunicação faz dele um narrador diferente, interessante, que talvez nunca mais se encontre um substituto.
Podemos aprender com todos eles
Se observarmos bem, todos os narradores e comentaristas bem-sucedidos
possuem um estilo peculiar, próprio, diferente. Essa característica da
comunicação é a única que devemos imitar. Isto é, sermos sempre nós
mesmos e aperfeiçoarmos nosso próprio estilo de comunicação. É o único
caminho seguro para o sucesso. Vi o nascimento do maior e mais famoso
narrador da televisão brasileira, Galvão Bueno, criticado por alguns
pelo seu ufanismo, mas assistido por quase todos pela sua competência.
Eu ouvia a Rádio Gazeta de São Paulo nos princípios da década de 70
quando ele venceu o concurso para comentarista eclético daquela
emissora. Teve humildade e força de vontade para aprender com aqueles
que eram verdadeiros professores de narração e comentários esportivos,
como José Italiano, Dalmo Pessoa, Milton Peruzzi. Foi buscando
aprimoramento constante, ocupou na Globo o lugar de uma lenda viva da
locução esportiva, Luciano do Valle, e hoje é quase um sinônimo de
narração de esportes, transitando com facilidade pela fórmula um, tênis,
boxe, natação e tantas outra modalidades.
Essa é mais uma lição que devemos rever todos os dias, para sermos
vencedores nas nossas atividades, especialmente quando a comunicação
está presente, precisamos perseverar, aprender e buscar sempre o
aperfeiçoamento. Esse é um dos mais importantes ensinamentos que esses
locutores esportivos nos oferecem.
Além de todos esses profissionais que citei, preciso pelo menos
mencionar alguns com quem aprendo quase todos os dias: Vanderlei
Nogueira, Flávio Prado, Cláudio Zaidan, Fábio Sormani, Mauro Beting e o
maior de todos os mestres, Armando Nogueira. Esses e muitos outros que
se projetaram nas emissoras de rádio e televisão possuem um estilo
próprio, inconfundível, que a todo instante nos orienta para que sejamos
sempre nós mesmos.