Futebol e Cinema: Mané na memória de seus amigos

Como em seus dribles ligeiros, Garrincha aparece rapidamente em outro filme sobre sua vida. Esse já está na marca do pênalti. É uma encomenda do canal italiano Rai 2 ao diretor Paulo Cezar Saraceni, que deve ser exibido ainda neste mês, O documentário “Memória do Garrincha”, pega depoimentos de parentes, amigos e ex-jogadores, como Nílton Santos e Vavá. “Eu queria entrevistar o Didi, mas ele morreu na semana que íamos gravar”, lamenta Saraceni, que foi até Pau Grande, local onde Garrincha passou sua infância, no município de Magé, no interior do Rio.

Ali, ele mostra os colegas de futebol, o primeiro técnico, o presidente do primeiro clube e a casa do jogador, perto de uma reserva florestal. “Até hoje há garotos caçando passarinhos, exatamente como ele fazia. Tanto que seu apelido veio de uma ave que é típica da região, a garrincha”, diz Saraceni. Também aparece o bar, ao lado da casa, onde o jogador já bebia muito, como o pai. “Apesar disso, acho que o álcool nunca atrapalhou a carreira de Garrincha. As injeções que ele tomou para aliviar as dores foram até piores”, afirma Saraceni que, antes de virar cineastra, chegou a jogar no juvenil do Fluminense. Para o diretor, o filme pode ajudar a divulgar a imagem de Garrincha na Itália. “Os italianos conhecem muito pouco os nossos jogadores mais antigos.

O Van Gogh do futebol brasileiro

Eles acham  o Maradona melhor do que Pelé. Só viram as gerações mais recentes. Adora, o Falcão, o Zico, o Júnior, o Careca, mas não têm a dimensão exata do que foi Garrincha”, diz. Segundo Saraceni, o documentário está praticamente pronto. Depende apenas de uma negociação financeira em torno dos direitos de imagem que pretende comprar do filme “Garrincha – A Alegria do Povo”(1963), do diretor Joaquim Pedro de Andrade. A direção de fotografia de “Memória de Garrincha”é assinada por Mário Carneiro. “O Mário costuma dizer que Garrincha é o Van Gogh do futebol. Garrincha sabia que estava se matando. Seu corpo, com o peso da idade, não consegui acompanhar a rapidez de seu raciocínio. Ele estava amargurado de não poder mais ser o mesmo jogador”, afirma Saraceni.

Filme: “Memória de Garrincha”

Diretor: Paulo Cezar Saraceni

Roteirista: Paulo Cezar Saraceni

Duração: 52 min

Depoimentos: Nílton Santos, Vavá, Elza Soares, família e amigos de infância

Orçamento: U$ 20 mil

Estágio: pós-produção

Estreia: neste mês (a definir o dia), no canal italiano Rai 2

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