
As polícias civis do Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro realizam uma operação para prender torcedores do Atlético-PR e do Vasco envolvidos na briga de torcidas na arquibancada da Arena Joinville, no dia 8 de dezembro. A ação foi batizada de “Cartão Vermelho” e ocorre desde as 5h desta quinta-feira (19), em Curitiba e Região, em Joinville e Blumenau e no Rio de Janeiro.
O delegado responsável pela operação no Paraná, Clóvis Galvão, disse que serão cumpridos mais de 20 mandados de prisão nos três estados e pelo menos um de busca e apreensão na sede da Torcida Organizada Os Fanáticos, em Curitiba. Até as 15h, dezesseis pessoas tinham sido presas no Paraná, duas em Santa Catarina e uma no Rio de Janeiro.
“Foi um trabalho de qualidade e moroso de toda a equipe. No primeiro passo, nós identificamos de 36 a 40 torcedores, mas nem todos participaram das agressões”, explicou Galvão. O delegado disse ainda que a primeira parte da investigação que cabe ao estado paranaense está encerrada. Todos os presos serão levados para Joinville em Santa Catarina, que coordena as investigações.

Entre os crimes que os presos podem responder estão o de associação criminosa e danos ao patrimônio público. “Alguns até por tentativa de homicídio”, disse o delegado Paulo Reis, da Delegacia de Homicídio de Joinville. A polícia ainda aguarda algumas apresentações voluntárias.
A Polícia Civil informou ainda que o ex- superintendente da antiga Ecoparaná, atual PR Projetos, e ex-vereador de Curitiba Juliano Borghetti também teve o mandado de prisão expedido. Ele chegou a ser considerado foragido pela polícia.
“Refuto a informação de que estaria foragido e de que teria viajado para a Itália. Sempre estive à disposição das autoridades para esclarecer a minha participação no ocorrido”, diz Juliano na nota.Às 11h30, Borghetti se apresentou à polícia.
A briga paralisou o jogo entre Atlético-PR e Vasco aos 17 minutos do primeiro tempo. Um grupo de rubro-negros e outro de cruz-maltinos protagonizaram cenas de selvageria, com trocas de socos e pontapés. A polícia demorou a agir e, somente depois de alguns minutos do início da confusão, alguns oficiais apareceram para conter o tumulto. A partida terminou em 5 a 1 para o Atlético-PR e o Vasco acabou rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro.

Vascaínos continuam presos em SC
Na terça-feira (17), a Justiça negou o pedido de liberdade provisória aos três torcedores do Vasco presos em flagrante por tentativa de homicídio e outros crimes, após a briga. A decisão foi tomada pela juíza Karen Francis Schubert Reimer.
Na sentença, a magistrada salientou que a detenção de Arthur Barcelos Lima Ferreira, Jonathan Fernandes dos Santos e Leone Mendes da Silva se faz necessária para manter a ordem pública e evitar a continuidade deste tipo de violência. Ela classificou os crimes cometidos pelos suspeitos como “hediondos”, de “extrema gravidade”, mediante a “grave violência à pessoa”.
Os três homens estão presos na Penitenciária Agrícola de Joinville e são mantidos isolados dos demais presos para evitar riscos à integridade física, segundo as direções das unidades.
Clubes punidos
A 4ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) julgou o incidente na sexta-feira (13). Caracterizado com maior responsabilidade no incidente, o Atlético-PR foi condenado com a perda de 12 mandos de campo, sendo seis com portões fechados, além de multa de R$ 140 mil (sendo R$ 120 mil no artigo 213 e R$ 20 mil no artigo 191, combinado com 211 na forma do 183, que é o que permite que um artigo absorva o outro).
Já o Vasco recebeu a pena de oito mandos de campo, sendo quatro com portões fechados, além de multa de R$ 80 mil.
Nesta quarta-feira (18), o Atlético-PR entrou com recurso no STJD para tentar diminuir a pena de 12 mandos de campo, metade com portões fechados, pela briga na Arena Joinville. O recurso será julgado no próximo dia 27. O advogado do clube, Domingos Moro, considerou a punição imposta pela entidade exagerada e propôs penas alternativas, como jogos com a presença de mulheres e crianças no estádio.
“É difícil dizer qual vai ser o entendimento dos auditores em relação a uma redução de pena. O portão fechado pode nos dar uma outra natureza, como abrigar mulheres e crianças, dando um novo cenário educativo para a punição”, afirmou o advogado.
Já a Torcida Organizada Os Fanáticos, do Atlético-PR, assinou um acordo com o Ministério Público e está impedida de frequentar os estádios de todo o Brasil por seis meses. Os torcedores atleticanos que fazem parte da organizada não podem frequentar os estádios com adereços, como camisas, bandeiras, faixas ou instrumentos.