Tupi chora fim do sonho da 1ª divisão

Terça-feira, 12 de Agosto de 1997

Christiane Dias – repórter

Aos 48min24seg do segundo tempo, o árbitro Antônio William Gomes apitou o final da partida Tupi 0x0 Nacional.Chorando muito, o experiente treinador Jair Bala caiu ao lado do campo, dentro da área técnica. Terminava ali o sonho dos mais de 6 mil torcedores, que bateram o recorde de público em jogos do Tupi neste Campeonato Mineiro do Módulo B, de comemorar a volta do futebol profissional de Juiz de Fora à primeira divisão de Minas Gerais. Pelo menos dentro de campo. A diretoria ainda pretende mobilizar outros clubes do estado para tentar sensibilizar a Federação Mineira a incluir 16 equipes no módulo principal em 98. Um apoio já é certo, o do treinador vice-campeão do módulo B, Carlos Abocater, do Nacional. O título antecipado foi conquistado pelo Ipatinga.

Dono de uma campanha invejável nas duas primeiras fases da competição – onde obteve 10 vitórias e quatro empates -, o Tupi foi vítima, logo no quadrangular final, quando precisaria ficar entre os dois primeiros colocados, da velha máxima do futebol: “… é uma caixinha de surpresas”. Surpresas nem sempre são agradáveis. Talvez por azar, ou até por não ter realizado grandes contratações, confiando no seu elenco invicto e unido, a equipe foi surpreendida na fase final – foram três empates, duas derrotas e apenas uma vitória.

“A gente não merecia isso, lutamos tanto, meu Deus”, bem definiu Jair Bala, quando era conduzido para o vestiário, ainda chorando, pelo auxiliar técnico Jésus “Fia” Vieira, e confundido os aplausos e elogios de alguns torcedores com vaias e palavrões. O que naturalmente é esperado, mas não foi o caso do Tupi nesta temporada. “Eu não sei, fiz tudo o que pude”, acrescentou.

A equipe ganhou folga até amanhã, quando Jair Bala e os jogadores se reapresenta,, à tarde, em Santa Terezinha. A participação do Tupi na série C do Campeonato Brasileiro, em setembro, está confirmada, de acordo com o vice-presidente José Paulo Corrêa. Mudanças só no elenco. O presidente do clube, Oaudi Salomão, ressaltou que a presença no Brasileiro ainda depende de patrocínio.

Nervosismo impede o gol

Nem mesmo o almoço do dia dos pais, num domingo frio em Juiz de Fora, tirou o ânimo do torcedor para acompanhar, no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, a última partida do Tupi pelo Campeonato Mineiro. Do Módulo B. O que parecia pouco – uma vitória simples – acabou virando pesadelo. Da arquibancada o que se via era um Tupi aguerrido, dominando a partida; mas, do outro lado, o Nacional provou que veio de Uberaba disposto a segurar o empate, através de uma equipe fechada, que se arriscava pouco nos contra-ataques.

Como qualquer decisão, o jogo começou nervoso. Tupi e Nacional apresentavam mais méritos na defesa, do que um ataque eficiente e objetivo. Com dificuldades para penetrar na área, devido à forte retranca do adversário, o Tupi só ameaçava com bolas altas. Aos 21 minutos, Dário cobrou lateral, Mauricinho ajeitou e chutou. Escanteio. Aos 25, novamente Mauricinho, que se constituiria no maior nome da partida, fez grande jogada e penetrou na área. Gasolina defendeu.

No segundo tempo, o Tupi voltaria mais disposto, no entanto ainda sem meio-de-campo criativo. A entrada do artilheiro Wesley não fez diferença . A única vez em que o centroavante apareceu foi aos 18 minutos. Depois da cobrança do lateral, a bola sobrou para Wesley que chutou, para mais uma boa defesa. Tudo parecia fazia crer que o Tupi ainda mararia. Aos 41, Mauricinho recebe a bola de Laerte e chuta. A bola bate na rede pelo lado de fora e alguns torcedores chegaram a comemorar. Mas pelo menos por mais um ano ficou adiada a presença do Tupi na primeira divisão.

Campeonato Mineiro- Módulo B

Quadrangular final

tabelas

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