Vasco: Caso Bernardo

O jogador Wellington Silva, do Fluminense, prestou depoimento na 21ª DP
(Bonsucesso) durante cerca de duas horas na noite desta terça-feira. O
atleta confirmou ao delegado José Pedro Costa, titular da unidade, que
esteve no Complexo da Maré no dia 21 de abril, quando Bernardo, do Vasco,
teria sido torturado por traficantes da comunidade. Wellington Silva
alegou, contudo, que passou todo o domingo acompanhado de parentes, e que
por isso não esteve com o jogador cruzmaltino nem presenciou as supostas
agressões. Inicialmente, as investigações apontavam que ele teria
intercedido a favor de Bernardo junto aos criminosos.

O atleta tricolor, que nasceu e tem amigos na Maré, descreveu todos os
seus passos na data em questão. Primeiro, Wellington Silva teria almoçado
com a família. Depois, ele diz ter seguido para a festa de um cunhado. O
jogador do Fluminense conta ter ouvido na comunidade comentários sobre a
suposta sessão de tortura sofrida por Bernardo – as agressões teriam sido
causadas pelo envolvimento do jogador com Dayana Rodrigues, uma das
namoradas de Marcelo Santos das Dores, o Menor P, chefe do tráfico da
região.
– Os dois só se falaram na segunda, quando o Bernardo ligou para o
Wellington para falar sobre sua lesão no joelho. O Wellington perguntou:
“Que história é essa de ficar com mulher de traficante? Ficou doido?” Aí
Bernardo respondeu que não conhecia Dayana e que não havia sido agredido,
que só sofreu um “terror psicológico” – relatou Sergio Riera, advogado do
lateral-direito do Fluminense, que o acompanhou na delegacia.

Sergio Riera, advogado do lateral-direito do Fluminense, o acompanhou na
delegacia Foto: Rafael Soares
Durante o depoimento, Wellington Silva também negou ter qualquer tipo de
relacionamento com traficantes do Complexo da Maré. O jogador afirmou que,
por ter sido criado na região, conhece alguns deles “só de nome”, mas não
mantém contato com nenhum criminoso.
Bernardo também nega tortura
No fim da tarde desta quinta-feira, através de um comunicado enviado por
sua assessoria de imprensa, Bernardo voltou a negar que tenha sido vítima
de tortura. O atleta disse não conhecer Dayana Rodrigues, namorada de Menor
P, que levou sete tiros nas pernas.

Confira a íntegra da nota de Bernardo:

“Inicialmente, venho agradecer pelo apoio que eu e minha família recebemos
nestes últimos dias.
Gostaria de agradecer especialmente ao Vasco da Gama, instituição que,
apesar de tudo que vinha sendo equivocadamente divulgado, desde o início (e
sempre) me deu total suporte e credibilidade, incluindo dirigentes,
jogadores e torcida.
Após o depoimento oficialmente prestado ontem, quando pude relatar todo o
realmente ocorrido, considero esta historia encerrada, permanecendo, claro,
sempre à disposição da autoridade policial para prestar esclarecimentos
adicionais que possam ser necessários a respeito do assunto.
Destaco que todo o episódio por mim relatado – que é sigiloso, inclusive
para não prejudicar investigações – já era de conhecimento de polícia e
apenas tive a oportunidade de esclarecer alguns pequenos detalhes, em
especial o fato de não conhecer a Dayana.
Por tudo, entendo que deixei clara minha disposição em colaborar com as
investigações e explicar a verdade dos fatos para a autoridade policial, a
quem cabe prosseguir com as providências.
Volto a afirmar que estou bem de saúde, não sofri agressões físicas e, a
partir de agora, estou focado somente na cirurgia à qual serei submetido
amanhã. Minha preocupação agora é apenas me recuperar da lesão no joelho o
mais rapidamente possível para, enfim, voltar a fazer o que mais amo na
vida, que é jogar futebol.
Solicito a colaboração de todos para que este assunto seja conduzido
apenas pela autoridade policial.
Bernardo Vieira de Souza”

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