1ª fase: 2ª rodada Copa das Confederações 2014 – Brasil 2×0 México

De Neymar para José. De José para Fred. De Fred para Antônio. De Antônio
para Oscar. De Oscar para João… O Brasil apelou. Burlou as regras. Usou
mais de 50 mil pessoas para vencer apenas 11 mexicanos, por 2 a 0. Uma
vitória garantida antes de a bola rolar, quando o povo ignorou o protocolo
que só toca 50 segundos do Hino Nacional, e, na garganta, de peito aberto e
orgulhoso, entoou palavra por palavra até o “Pátria amada, Brasil”. Um
golaço inesquecível. De quebra, classificação antecipada para a semifinal
da Copa das Confederações.
A Seleção derrotou o México com gols de Neymar e Jô numa interação poucas
vezes vista, principalmente na história recente. Uma manifestação. Por um
ataque mais rápido, por uma defesa mais segura, por um time mais
apaixonado. Uma manifestação de amor que encantou e fez brilhar os olhos
dos jogadores.
O gol de Neymar, aos nove minutos, assim como o passeio do começo do jogo,
foi embalado pela torcida. Ricos, pobres, turistas, cearenses, apaixonados
ou os famosos “coxinhas”, termo bem atual. Não importa. Eles apoiaram,
tabelaram, deram o gás necessário a uma equipe que ainda comete falhas. No
fim, ainda festejaram com o gol de Jô, aos 48 do segundo tempo, em nova
jogada genial do camisa 10 da Seleção, que, exultante após a partida,
correu para abraçar a mãe, que estava presente na arquibancada.

Neymar vibra com a torcida: combinação perfeita no Castelão

Felipão havia pedido para o torcedor cantar o hino com fervor e, assim,
assustar o rival. Missão dada, missão cumprida. O sistema de som silenciou,
abreviou o hino, e foi ignorado pelos brasileiros. Mas o técnico também
tinha razão quando disse que a Seleção precisa melhorar.

Quando o clima baixou um pouco, o México, refeito do pavor inicial de
enfrentar uma multidão, equilibrou o jogo. Não foi o suficiente para
empatar, assim como os donos da casa não apresentaram futebol suficiente
para derrotar seleções maiores.
A seleção brasileira voltará a campo no próximo sábado, em Salvador,
contra a Itália, também já classificada. A Azzurra venceu o Japão por 4 a
3, na Arena Pernambuco, e empatou com o Brasil na liderança, somando seis
pontos. Na Fonte Nova, os times de Felipão e Cesare Prandelli vão decidir o
primeiro lugar e, provavelmente, quem fugirá da Espanha na semifinal (o
líder enfrenta o segundo colocado do Grupo B). México e Japão, sem pontos,
estão eliminados e jogam sábado em Belo Horizonte.
O pé de Neymar, o nariz de David e o grito da galera
O Brasil se garantiu em campo com um início arrasador. O acorde do coro do
Castelão ainda ecoava, e os jogadores queriam mais e mais. Neymar pediu o
canto da arquibancada. Marcelo também. E todos obedeceram. Houve até ensaio
para o grito de gol quando Oscar marcou, mas o assistente já assinalara
impedimento de Fred.
O camisa 10 da Seleção dissera pela manhã, em rede social, que entraria em
campo inspirado pelos protestos que circularam todo o país nos últimos
dias. Azar dos adversários. Não foi fácil conter o ímpeto de sua
manifestação de habilidade, inteligência, senso de posicionamento…
Ele estava no lugar certo quando Rodríguez cortou cruzamento de Daniel
Alves. A bola sobrou para seu pé esquerdo. Ué, mas o golaço contra o Japão
não havia sido de direita? Sim. E desde quando esse detalhe é problema para
o craque? Mais um golaço, de primeira, agora de canhota.

Hulk tenta a bicicleta: atacante voltou a ser substituído por Lucas

O atacante ainda recebeu belo lançamento de Fred, deu chapéu com o peito
em Mier, mas, talvez para manter a sintonia com a galera, bateu por cima do
gol, e a jogou no colo de um brasileiro feliz com a atuação. Daniel Alves
tentou encobrir Corona, que espalmou. Hulk, depois de um cruzamento de
bicicleta, um carrinho e muita raça, também levantou o público. Os
companheiros de fora do campo.
Foram só dois sustos. Um quando Chicharito aproveitou vacilo de Marcelo e
carimbou Thiago Silva, que se jogou na frente dele como se fosse milhares.
Talvez fosse mesmo. Depois, quando David Luiz se chocou com o parceiro de
zaga e o nariz sangrou tanto que ele precisou se trocar na beira do campo.
Ficou de cueca e fez surgir algumas Davizetes. Fim de primeiro tempo e
aplausos. Muitos aplausos.

David Luiz fica de cueca ao ser atendido fora
do gramado da Arena Castelão

Humildade e raça rumo à semifinal
O Brasil não voltou acomodado. Teve disposição e humildade para marcar o
México. E precisava mesmo. David Luiz esticou a longa perna e salvou gol
certo de Chicharito. Uma vitória do Brasil sobre o México, e do Chelsea
sobre o Manchester United, clubes onde jogam.
Neymar, José, Fred, João… Estava faltando alguém. Um tal Lucas. Nem
mesmo todo o apoio impediu os pedidos pela presença do carismático
atacante, algo que se repete em todos os jogos no Brasil desde 2011. Uma
manifestação geral.
Os gritos ganharam força quando Hulk tabelou com Neymar e bateu para fora
de maneira quase bisonha. Bancado por Felipão, ele precisa de um gol. Ainda
não foi dessa vez. Antes, Thiago Silva havia marcado, mas estava impedido.
Hernanes substituiu Oscar e o meio ficou mais consistente. Houve até
espaço para arrancada impressionante de Paulinho. Empurrado pelos
torcedores, ele foi deixando os mexicanos para trás até rolar para Neymar e
ser atingido sem bola. Uma resposta dos rivais, irritados porque Giovani
dos Santos estava caído, e o Brasil não jogou a bola para fora. Fair-play?
O público cantou foi o nome de Paulinho. Em coro.
Daí em diante, vaias para o México, que manteve a tradição dos últimos
anos e incomodou. Cruzou, correu, driblou, mas parou em Julio César, David
Luiz, Thiago Silva, José, Antônio, João… E em Lucas, que entrou e foi
ovacionado: “Olelê, olalá, o Lucas vem aí e o bicho vai pegar!”.
E pegou mesmo! Graças a Neymar, que fez uma jogada maravilhosa para Jô,
aos 48 minutos do segundo tempo, assim como contra o Japão, marcar e
aliviar o sufoco. Um desfecho merecido para jogadores e torcedores. Se a
Seleção ainda não joga o bastante para ser favorita ao título, tem de se
apoiar nessa união. O próximo desafio é a Itália. Desafio para a torcida de
Salvador repetir a de Fortaleza.

Torcedora faz a festa no Castelão: mais uma vitória brasileira

 

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