Cruzeiro acusa Minas Arena de ‘golpe vil’ e acena com rescisão de contrato

Presidente Gilvan de Pinho Tavares reclamou da conduta da Minas Arena

O clima entre o Cruzeiro e a Minas Arena, concessionária que administra o Mineirão, ficou pesado. Em uma notificação ao consórcio, o presidente do clube, Gilvan de Pinho Tavares, fez duras críticas e afirmou que o contrato entre as partes, fechado por 25 anos, pode até mesmo ser rescindido. A primeira reclamação do mandatário é sobre o clássico de domingo, contra o Atlético-MG. Segundo Gilvan, a Minas Arena “sorrateiramente” praticou um “golpe vil” contra o Cruzeiro ao tocar no fim da partida o hino do arquirrival – apesar da derrota por 2 a 1, o resultado garantiu o título do Mineiro ao Galo.

“A veiculação do hino adversário demonstrou um ataque frontal ao senso de parceria formalmente estabelecida entre as partes, tendo a Minas Arena sorrateiramente se valido de golpe vil contra um parceiro comercial que, como se sabe, lhe serve hoje como pilar principal. Além disso, trata-se de um desrespeito à instituição que tem o Mineirão como ‘sua casa’ e em descaso para com o torcedor cruzeirense, que fez do estádio o palco do seu espetáculo”, diz trecho da nota.

A relação conflituosa entre clube e concessionária se arrasta há algum tempo. Na mesma nota, Gilvan acusa o consórcio de “reiteradas” falhas, “entre elas, na prestação de serviços ao torcedor, ausência de informação adequada, não concessão de vagas de estacionamento ao Notificante, falta de transparência, inadimplência e atraso com pagamentos de verbas contratualmente estabelecidas, ausência de prestação de contas, dentre outros”.

Procurado para explicar alguns pontos da nota, o Cruzeiro informou que só Gilvan Tavares, que está em viagem internacional, falará sobre o assunto. A Minas Arena, por sua vez, informou que vai se manifestar quando tomar conhecimento, na íntegra, da nota do clube.

Histórico

O Cruzeiro fechou contrato com a Minas Arena em novembro do ano passado, por 25 anos. O acordo prevê o uso do estádio como principal “palco” para as partidas do time neste perído. Além disso, o clube tem uma série de benefícios, como parte da renda em bares e estacionamento, por exemplo.

Mas já neste ano os primeiros problemas começaram a aparecer. Nos primeiros jogos no estádio, uma série de contratempos para o torcedor na hora da compra do ingresso fez com que o Cruzeiro passasse a dividir com o consórcio a responsabilidade pela venda.

Cruzeiro acena com possível rescisão contratual

Veja, na íntegra, a nota que o Cruzeiro enviou à Minas Arena:

NOTIFICAÇÃO EXTRA-JUDICIAL

À
Minas Arena – Gestão de Instalações Esportivas S/A
Sr. Ricardo Salles de Oliveira Barra
Diretor-Presidente

Senhor Diretor,

Em razão dos lamentáveis fatos ocorridos ao final da partida do último domingo, em que a Minas Arena veiculou nos seus serviços de som o hino do clube adversário, em exato momento em que a torcida do Cruzeiro Esporte Clube demonstrava seu apoio à equipe que acabava de vencer a partida, servimo-nos do presente para manifestar nossa revolta com os fatos praticados, dentre outros que passamos a descrever.

A veiculação do hino adversário demonstrou um ataque frontal ao senso de parceria formalmente estabelecida entre as partes, tendo a Minas Arena sorrateiramente se valido de golpe vil contra um parceiro comercial que, como se sabe, lhe serve hoje como pilar principal. Além disso, trata-se de um desrespeito à instituição que tem o Mineirão como “sua casa” e em descaso para com o torcedor Cruzeirense, que fez do estádio o palco do seu espetáculo. Consternado com a afronta desmedida, impensada e inoportuna, o Presidente do Cruzeiro Esporte Clube imediatamente se retirou do estádio.

Não obstante a aleivosia gratuita, tal ato poderia ter sido, inclusive, desencadeador de uma infinidade de atos violentos por parte da torcida, que teve seu brado contido no seu próprio lar, proveniente daquele que se diz parceiro. E o que causa mais espécie, é que antes da partida havia sido solicitada pelo Cruzeiro EC a exibição do seu hino no serviço de som do estádio – em que é mandante e parceiro – como forma de motivar sua equipe e sua torcida (que representava 90% do estádio, frisa-se, mandante), cujo apoio era imprescindível para o desafio que se impunha, e que logrou êxito mediante uma atuação brilhante e vitoriosa de seus atletas.

Mas, infelizmente, a irracionalidade e o despreparo na lida com a parceria e com as necessidades inerentes à atividade futebolística, fez com que a Minas Arena olvidasse os mais comezinhos princípios da ética e bom senso, deixando-os a margem da relação jurídica estabelecida.

Como se isso não fosse suficiente, aproveitamos o ensejo para notificar sobre as mais diversas e diversificadas formas possíveis de infração ás disposições contratuais, reiteradas, entre elas a falha na prestação de serviços ao torcedor, ausência de informação adequada, não concessão de vagas de estacionamento ao Notificante, falta de transparência, inadimplência e atraso com pagamentos de verbas contratualmente estabelecidas, ausência de prestação de contas, dentre outros.

Pela presente, portanto, fica a Minas Arena Gestão de Instalações Esportivas S/A devidamente notificada, sobretudo para que tenha reavivada a certeza das suas infrações cometidas, e ciente de que estão sendo objetos de estudo pelo Notificante como motivadoras, juntamente com todas as demais, de rescisão justa do contrato de fidelidade firmado, com as implicações a ela inerentes.

Atenciosamente,

Gilvan de Pinho Tavares
Presidente do Cruzeiro Esporte Clube

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