Demitido pelo Flamengo, Andrade desabafa

Guto Seabra

Demitido do Flamengo com 70% de aproveitamento, Andrade está decepcionado. Em casa, depois de quase acertar a ida para o Goiás – um patrocinador se dispôs a pagar metade do salário de Emerson Leão, que foi contratado -, o técnico quebra o silêncio e se defende de insinuações de que lhe faltou pulso com as estrelas rubro-negras e afirma que sua demissão foi um ato político:

– A impressão que tenho é de que, para ficar bem no cargo, precisaria ganhar o Brasileiro, o Estadual, a Libertadores, o Mundial… Da forma que foi (demissão), não tem como não se decepcionar. Tinha 70% de aproveitamento. Foi uma demissão política. Faz parte da vida.

O currículo de maior campeão brasileiro – seis títulos, cinco como jogador – é o escudo contra aqueles que o desmerecem. Hoje, numa breve reavaliação, admite que houve erro de planejamento ao desejar o tetracampeonato estadual e a Copa Libertadores. E, para sustentar o discurso, compara com Corinthians, Internacional e São Paulo.

– Todos os brasileiros que estão nas oitavas da Libertadores não foram campeões. O Inter ainda está na disputa (Gaúcho), mas priorizou o tempo todo a Libertadores. Nós deveríamos ter priorizado. Mas nem por isso os técnicos foram demitidos – afirmou.

Para aqueles que dão eco às críticas de omissão diante das indisciplinas de Adriano, Vágner Love e Bruno, por exemplo, Andrade tem a resposta na ponta da língua:

– Cito um exemplo: a briga entre o Maurício e o Obina (Palmeiras, em 2009). Quem deu entrevista depois do jogo? Quem anunciou a punição? Não foi o Muricy. Foi um dirigente, um diretor. O técnico tem que dar resultado em campo. Fiz isso. Conquistei vitórias.

Ao seu estilo, o desabafo é em tom comedido. Andrade elogia o time e diz que pode ir longe na Libertadores. E aproveita para responder à cúpula do Flamengo, desconhecidos no mundo do futebol.

– Estou na história como recordista de títulos. A história fala disso, não fala de política. Fala dos vencedores. Sou o técnico campeão brasileiro depois de 17 anos. Um dia eu volto – disse.

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