Gol de Nolo

por Eduardo Galeano no livo ´´Futebol ao Sol e à sombra“

 Foi em 1919. A seleção Argentina enfrentava o Paraguai. Nolo Ferreira trazia a bola de longe. Vinha abrindo caminho, juntando gente, até que de repente  deu de cara com a defesa inteira, que formava um muro. Então Nolo parou. E ali, parado, começou a passar a bola de um pé para o outro, de um peito do pé para o outro, sem que a bola tocasse no chão. E os adversários balançavam a cabeça da esquerda para a direita, da direita para esquerda, todos ao mesmo tempo, hipnotizados, a vista cravada no pêndulo da bola. Aquele vaivém durou séculos até que Nolo encontrou uma brecha e de repente disparou: a bola atravessou a muralha e sacudiu a rede. Os agentes da polícia montada apearam os cavalos para felicitá-lo. No campo havia vinte mil pessoas, mas todos os argentinos juram que estiveram ali.

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