Reencontro com o Maracanã

A seleção brasileira pode ser considerada uma obra monumental. Assim como
o Maracanã. Ambos têm currículo invejável, colecionam títulos importantes e
viveram momentos ímpares na história do futebol. Mas a realidade atual
mostra que os dois precisam de retoques.
De uma maneira geral, o Maracanã está lindo. Mas basta uma volta por ele
para reparar que falta muita coisa para ficar 100% pronto. O entorno deixa
evidente que o estádio ainda está em obras. Por dentro do complexo, falta
muito acabamento. Por mais que sejam detalhes, são fundamentais. Fios
soltos, muita poeira, acessos provisórios, andaimes, falta de sinalização
nos pisos, pintura…
– Na minha área técnica está espetacular, tudo normalmente funcionando.
Principalmente o gramado. Ninguém pode dizer que pode atrapalhar em alguma
coisa. Está muito bom. Nós só temos elogios às pessoas que trabalharam na
nossa área, porque é dela que podemos dizer alguma coisa – desconversou
Felipão, ao ser questionado sobre a situação do estádio.

Felipão orienta a Seleção no único treino no Maracanã: reencontro

Sobre a seleção brasileira, o técnico não pode desconversar. É evidente
que, assim como o estádio, a beleza está apenas no macro, não nos detalhes.
Um dos mais talentosos do mundo, o time verde e amarelo não tem padrão. A
pouco menos de um ano da Copa do Mundo e às vésperas da Copa das
Confederações, a equipe ainda não é uma certeza. Está em constante
formação.
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estádio
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– Tem de jogar bem. Jogando bem, muitas vezes não vence. Mas na maioria
das vezes, você consegue ganhar quando joga bem. E algumas vezes, não
jogando bem, um primor, também ganha. Precisamos ter um balanço. Já temos
quase uma estrutura de time, e agora é ver como vamos nos comportar. Não só
neste amistoso, mas na Copa das Confederações – analisou o técnico
brasileiro.
O desafio contra a Inglaterra é o primeiro com o grupo que vai disputar a
competição. O segundo será contra a França, dia 9, em Porto Alegre. Depois
disso, já vem o torneio. A seleção brasileira faz o primeiro jogo no dia
15, contra o Japão, em Brasília. Dia 19, com o México, joga em Fortaleza. E
no dia 22, em Salvador, encerra a primeira fase contra a Itália.

Operários dão retoques finais no interior do estádio: obras até o dia da
inauguração

Na preparação para o amistoso contra os ingleses, Luiz Felipe Scolari teve
quatro dias para treinar a equipe. Nos dois primeiros, na Urca, optou por
aprimorar as partes física e técnica dos jogadores. Depois, na Gávea, fez
um coletivo no qual mostrou a que diz ser a provável equipe titular.
Já no último sábado, véspera da partida, Felipão fechou a parte mais
importante do treinamento. Liberou a entrada da imprensa apenas nos 15
minutos finais, enquanto os jogadores faziam um recreativo. De qualquer
maneira, o técnico da Seleção deu a entender em sua coletiva que escalará o
primeiro time do coletivo.
– Meu treino passa ao vivo em televisões. Se a televisão mostrou com
comentários de jogadas, o fulano pelo lado direito e tal, provavelmente eu
vá colocar aquele mesmo time. Até para não perder o efeito do
televisionamento – brincou o treinador, quando questionado sobre a equipe
titular.
A brincadeira, talvez, tenha sido para despistar. Nas entrelinhas, o
comandante da seleção brasileira deu a entender que, caso faça mudanças,
elas podem ser na lateral esquerda e no meio de campo. Assim, Lucas poderia
sair para entrada de Hulk, e Marcelo daria lugar a Filipe Luís.

Lampard será o capitão da seleção inglesa
contra o Brasil no Rio

Agora na condição de visitante (em fevereiro, a Inglaterra recebeu o
Brasil em Londres, na estreia de Felipão, e venceu por 2 a 1), o técnico
Roy Hodgson sabe que o resultado, a não ser que seja catastrófico, irá
interferir pouco nos planos para o segundo semestre. Segundo colocado no
Grupo H das eliminatórias, com dois pontos a menos que Montenegro, sua
equipe precisa reagir em importantes duelos a partir de setembro para
garantir um retorno ao Brasil daqui a um ano. Caso contrário, dependerá
ainda de uma repescagem em novembro, um mês antes do sorteio da Copa.

A seleção brasileira já está classificada por sediar o torneio, mas
Hodgson tem feito o dever de casa. Ele tem consciência de que Felipão
sofrerá pressão por todas as partes, especialmente se o futebol apresentado
pela Seleção não melhorar até a Copa das Confederações. Perguntado se teria
algum comentário sobre o momento dos brasileiros, ele deu até alguns
conselhos para o colega de profissão e também para o coordenador-técnico
Carlos Alberto Parreira.

– Se serve de consolo, entre 1994 e 1996 a Inglaterra foi massacrada
enquanto se preparava para jogar a Eurocopa em casa. E só foi eliminada na
semifinal numa disputa de pênaltis. Em 1998, o Aimé Jacquet sofreu muito no
comando da seleção francesa. Diziam que ele não era bom, que os jogadores
não prestavam. E ele foi lá e ganhou – lembrou, referindo-se ao Mundial
conquistado pela França exatamente sobre o Brasil.

Destaques no triunfo de fevereiro, o atacante Wayne Rooney e o meia Frank
Lampard estão confirmados no time titular. Os desfalques, porém, são
muitos: os atacantes Welbeck, Carroll e Sturridge, além do lateral-direito
Walker e do meio-campista Cleverley. Já os meias Gerrard e Wilshere, também
titulares na ocasião, sequer foram convocados.

Diante de tantos problemas, Hodgson preferiu não confirmar o time à
imprensa, e até mesmo fechou parte da atividade no Maracanã. A tendência é
que o meia James Milner receba uma chance, deixando Rooney, Walcott e
Chamberlain na frente.
FICHA TÉCNICA
Brasil
Julio César, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo (Filipe
Luís); Fernando, Paulinho e Oscar; Lucas (Hulk), Neymar e Fred.
Técnico: Felipão.
Inglaterra
Hart, Johnson, Cahill, Jagielka e Ashley Cole; Carrick, Milner e Lampard;
Walcott, Rooney e Oxlade-Chamberlain.
Técnico: Roy Hodgson.
Data: 02/06/2013 (domingo)
Horário: 16h (de Brasília)
Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Wilmar Roldan (Colômbia)

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