Futebol x Remo

Por Cacalo Fernandes no Jornal Correio Popular

  Quem se impressiona com as várias bolas no campeonato paulista, que permitem que o jogo continue quase imediatamente após um lateral, não sabe dos vários outros métodos tentados anteriormente. Antes do Maracanã,o Flamengo disputava todos os jogos em que tinha mando de campo na Gávea. Conhecedores do muro relativamente baixo que dá para a Lagoa Rodrigo de Freitas, os adversários, quando queriam esfriar o jogo isolavam a bola para aquele lado, forçando uma longa paralisação até alguém sair, dispôr- a mergulhar nas águas já então poluídas, nadar e voltar correndo para o estádio para reiniciar a partida. Irritante como era,o assunto rendeu várias reuniões da diretoria rubro-negra até se chegar a uma solução: os remadores do clube, após disputarem as competições no domingo de manha na lagoa, permaneciam de plantão para o resgate da bola do jogo. Cada vez que ela era isolada, os viris e musculosos atletas partiam organizada e apressadamente em seus barcos para recolhê-la, diminuindo as interrupções das partidas. O sistema começou a cair em desuso quando num clássico decisivo, o Botafogo postou seus próprios remadores ao lado dos rubro-negros. As tentativas de resgate por um lado eram sempre interceptadas pelo outro, o que acabava degenerando em lutas e brigas- acaloradas e ainda mais ferozes pela boa forma física dos contendores. Por sorte, pouco tempo depois foi inaugurado o Maracanã e a bola no fosso era um pobre substituto para a bola na Lagoa.

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