A construção de narrativas de idolatria no futebol brasileiro

Ronaldo Helal

1. Introdução

Como tarefa precípua do projeto “Meios de Comunicação, Idolatria e Cultura Popular no Brasil”, apoiado pelo CNPq desde 1998, venho estudando a forma como são narradas na mídia as trajetórias de vida de ídolos do esporte, mais especificamente do futebol.
As narrativas das trajetórias de vida dos ídolos esportivos freqüentemente focalizam características que os transformam em heróis, enquanto as dos ídolos da música ou dramaturgia, por exemplo, raramente salientam estas qualidades.
A explicação para este fato reside no aspecto agonístico, de luta, que permeia o universo do esporte. A competição é inerente ao próprio espetáculo. Ambos, ídolos do esporte e da música, se transformam em celebridades, porém, os primeiros são mais facilmente considerados “heróis”. Edgar Morin (1980) e Joseph Campbell (1995) chamam a atenção para a diferença entre celebridades e heróis. Enquanto os primeiros vivem para si, os heróis devem agir para “redimir a sociedade”. A saga clássica do herói fala de um ser que parte do mundo cotidiano e se aventura a enfrentar obstáculos considerados intransponíveis, os vence e retorna à casa, trazendo benefícios aos seus semelhantes (Campbell, 1995: 36). Esta característica do “ídolo-herói” acaba por transformar universo do esporte em um terreno fértil para a produção de mitos e ritos relevantes para a comunidade.
Meu objetivo neste artigo é apresentar de forma sucinta alguns resultados do projeto “Meios de Comunicação, Idolatria e Cultura Popular no Brasil”. Concentro-me aqui nas “construções” das narrativas de duas biografias antagônicas de ídolos do futebol brasileiro: Zico e Romário.

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