Racismo: O que diz Desábato

Leandro Desábato tem 26 anos, não se recorda, mas acha que não chamou Grafite de negro. Ele é casado, cursou até o 2º grau e mora na Grande Buenos Aires. Pelo menos foi o que disse à polícia. Ele estava acompanhado por um advogado brasileiro, Carlos Alberto Pires Mendes, e pelo consul-adjunto de seu País em São Paulo, Mariano Vergara, que lhe serviu de intérprete no interrogatório do 34º DP.

Desábato começou seu interrogatório com uma declaração de afeto ao jogador são-paulino: “Tenho por Grafite uma grande admiração.” Para provar o que dizia, contou que no jogo entre São Paulo e Quilmes em 16 de março “ambos trocaram camisetas”. Ele disse em seguida que ontem havia sido “publicado pela imprensa suposta declaração do jogador Grafite dizendo que caso fizesse um gol iria comemorá-lo com uma banana”. No jogo, ele e “a vítima passaram a trocar ofensas mútuas”, consideradas por Desábato como “coisas que ocorrerem numa partida de futebol entre jogadores adversários”.

O defensor tentou explicar-se: “No primeiro tempo, pouco antes da expulsão do Grafite, tendo em vista os insultos dele, (Desábato) dirigiu-se a este dizendo-lhe: ‘Pegue a banana e enfie no…’.” Desábato afirmou não conhecer o português, mas que, pelos gestos de Grafite, tinha certeza de que ele o ofendeu. “No meu País, o insulto entre jogadores adversários não é considerado crime.” Desábato disse que os insultos não tinham “conotação racista”. “Perguntado se havia chamado Grafite de ‘negro de merda’, o interrogado diz que não se recorda, mas que acha que não e afirma que em nenhuma momento chamou o adversário de filho da p. ou negrinho”. No fim, disse: “Eu não sou racista”.

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